segunda-feira, 3 de junho de 2013

Superbactérias

Humanidade está perdendo batalha contra superbactérias

Alerta é da Organização Mundial de Saúde. Para entidade, é preciso esforço conjunto para produzir novos medicamentos

BBC Brasil | 07/04/2011 09:33



A incidência de infecções resistentes a drogas atingiu níveis sem precedentes e supera nossa capacidade atual de combatê-las com as drogas existentes, alertam especialistas europeus.
A cada ano, mais de 25 mil pessoas morrem na União Europeia em decorrência de infecções de bactérias que driblam até mesmo antibióticos recém-lançados.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação chegou a um ponto crítico e é necessário um esforço conjunto urgente para produzir novos medicamentos.
Sem esse esforço, a humanidade pode ter que enfrentar um “cenário de pesadelo” global, de proliferação de infecções incuráveis, de acordo com a OMS.
Um exemplo é a superbactéria NDM-1, que chegou à Grã-Bretanha vinda de Nova Délhi em meados de 2010, trazida por britânicos que fizeram tratamentos médicos na Índia ou no Paquistão.
Em outubro passado, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou o controle sobre receitas médicas de antibióticos, na tentativa de conter o avanço da superbactéria KPC, que atacou principalmente em hospitais.
Água contaminada
A resistência das superbactérias a antibióticos mais fortes causa preocupação entre os especialistas. Pesquisadores da Universidade de Cardiff, no País de Gales, que identificaram a NDM-1 no ano passado, dizem que as bactérias resistentes contaminaram reservatórios de água de Nova Délhi, o que significa que milhões de pessoas podem ter se tornado portadoras do micro-organismo.


Isso se torna mais preocupante porque, segundo a equipe de Walsh, o gene se espalhou para bactérias que causam diarreia e cólera, doenças facilmente transmissíveis através de água contaminada.A equipe do médico Timothy Walsh coletou 171 amostras de água filtrada e 50 de água de torneiras em um raio de 12 km do centro de Nova Déli, entre setembro e outubro de 2010. O gene da NDM-1 foi encontrado em duas das amostras de torneira e em 51 das amostras de água filtrada.

“A transmissão oral-fecal de bactérias é um problema global, mas seu risco potencial varia de acordo com os padrões sanitários”, disseram os pesquisadores em artigo no periódico científico Lancet Infectious Diseases.
“Na Índia, essa transmissão representa um problema sério (porque) 650 milhões de cidadãos não têm acesso a vasos sanitários, e um número provavelmente maior não tem acesso a água limpa.”
Descoberta ‘preciosa’
Os cientistas pedem ação urgente das autoridades globais para atacar as novas variedades de bactérias e para prevenir epidemias globais.
A diretora regional da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab, disse que “os antibióticos são uma descoberta preciosa, mas não lhes damos valor, os usamos em excesso e os usamos mal. (Por isso), agora há superbactérias que não respondem a nenhuma droga”.
Segundo ela, ante o crescimento no número de viagens internacionais e de trocas comerciais no mundo, “as pessoas precisam estar cientes de que, até que todos os países enfrentem (o problema das superbactérias), nenhum país por si só estará seguro”.
Autoridades sanitárias britânicas dizem estar monitorando a NDM-1, que, segundo registros oficiais, já contaminou 70 pessoas no país.

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Como se proteger das superbactérias


Elas são motivo de preocupação, mas não de pânico. Saiba mais como acontece o contágio e o que você pode fazer para se prevenir

Elioenai Paes , iG São Paulo 

O prefixo super pode assustar, mas o temor em relação às superbactérias tem fundamento. Uma das grandes preocupações médicas atuais é a escassez de medicamentos para combater esses micro-organismos cada vez mais resistentes. Algumas atitudes simples, como um sistema imune fortalecido e medidas de higiene fáceis de incorporar na rotina podem ajudar a mantê-las longe do corpo.
Por muito tempo, o uso indiscriminado dos antibióticos foi negligenciado pela população e pelas autoridades de saúde. O resultado desse longo período de abusos foi a mutação das bactérias. Muitas se tornaram resistentes à maioria dos antibacterianos convencionais disponíveis no mercado, existindo até mesmo casos de resistência total – de onde veio a denominação super.

Arquivo pessoal
Gabriel Montagnani foi hospitalizado por causa da Staphylococcus Aureus resistente à meticilina

Atualmente, as superbactérias mais temidas são a MRSA ( Staphylococcus Aureus resistente à meticilina), KPC ( Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase ) e a NDM-1 ( New Delhi metallo-B-lactamase-1 ), esta última responsável pelas recentes infecções hospitalares em hospitais de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 
"É importante ressaltar que desde a descoberta da penicilina as bactérias têm sofrido mutações", explica Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
"Elas querem sobreviver a qualquer custo e sob qualquer condição, por isso adquirem a capacidade de transmitir códigos genéticos entre si e para outras bactérias de outra espécie e começam a neutralizar os antibióticos. Elas podem destruir o antibiótico com que entraram em contato, podem expulsar o medicamento da célula ou até mesmo inativá-lo", explica o infectologista.
Erra quem pensa que as pessoas afetadas pelas bactérias resistentes são somente aquelas que se medicaram frequentemente com antibióticos, seja ele prescrito pelo médico ou administrado por decisão própria, a conhecida automedicação.
A maioria dos casos de infecção hospitalar é causada por bactérias endógenas, ou seja, por aquelas que carregamos naturalmente no organismo. Um exemplo disso é a Escherichia coli (E. Coli), que habita o intestino. Quando ela migra para outras partes do corpo provoca uma infecção difícil de tratar.
"Se algumas bactérias do intestino vão para o trato genital, por exemplo, podem causar infecções. Para serem consideradas bactérias boas, elas têm de permanecer no lugar que foi designado a elas", explica Gorinchteyn.
Infecção hospitalar
No caso hospitalar, a infecção acontece, na maior parte dos casos, no paciente que já está internado há algum tempo, já tomou muitos antibióticos e tem o sistema imunológico fragilizado.  Muitos pacientes com a imunidade fragilizada são preventivamente tratados com antibióticos, para evitar que as bactérias internas se manifestem, caso contrário ele será literalmente atacado por um "fogo amigo".
"Se alguém estiver com tuberculose, eliminando bactérias para o ar, o paciente ficará em um quarto com com pressão negativa. Quando a porta se abre, o ar de fora entra. Se o ar sair, as bactérias podem sair junto, contaminando outros espaços", explica o diretor do departamento de infectologia do Hospital Heliópolis (SP), Juvêncio Furtado.Os outros casos causados por bactérias que não vivem no corpo, considerados minoria em relação às bactérias que já carregamos, já têm a atenção dos hospitais, que trabalham para minimizar qualquer tipo de surto ou infecção. Muitos hospitais já têm UTI com controle da pressão do ar, uma medida para evitar a disseminação de bactérias.
Novas regras
Há pouco mais de um ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou a venda de antibióticos. O medicamento só pode ser vendido mediante a apresentação e retenção da receita, que vale somente por 10 dias, além de outras normas de controle. Segundo Jean Gorinchteyn, além da restrição da Anvisa,  médicos estão recebendo orientação sobre a prescrição racional de dessa classe de remédios. Quem faz esse controle são as comissões de controle de infecções hospitalares.
“O controle da ingestão de antibióticos está sendo feito, mas só vamos ver o resultado provavelmente depois de 5 anos ou 10 anos”, explica Furtado.
Ele também ressalta que seria necessário um controle no uso de antibióticos na agricultura e na pecuária. “Se você come uma carne de um boi que foi tratado com antibióticos, você ingere antibióticos também”, explica Furtado, que é ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia
Susto no Exterior
Outra bactéria comum que circula por aí causando preocupação nos médicos é a Staphylococcus Aureus. Na versão ‘original’, ela é combatida por antibióticos comuns sem maiores complicações. O problema está na versão super, mutação que agora resiste à maioria dos antibióticos existentes no mundo.
O publicitário Gabriel Montagnani, 24 anos, foi uma das vítimas dela. Ele teve uma infecção na glândula salivar parótida (localizada um pouco abaixo da orelha, responsável pela produção de saliva).
“No hospital, fui medicado com antibióticos comuns que não mataram a bactéria, apenas mascararam a infecção”, conta.
O publicitário foi liberado do hospital, e, sentindo-se melhor, embarcou para Nova York no dia seguinte. A infecção e o inchaço voltaram com força total em plena viagem e lá foi Gabriel para o hospital. Após uma junta médica norte-americana diagnosticar que a Staphylococcus Aureus resistente à meticilina (MRSA) era a visitante indesejada, ele foi medicado com um antibiótico eficaz contra a mutação ‘super’ da tal bactéria.
“Voltei mais cedo dos EUA porque a assistência médica lá é muito cara”, diz Montagnani. Para efeitos de comparação, uma dose intravenosa ou 1 comprimido desse antibiótico custa cerca de R$ 200 – e foram necessárias duas por dia – por três semanas.
Prevenção
O infectologista Juvêncio Furtado, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia esclarece que ninguém pega uma bactéria simplesmente por andar na rua.
"Elas precisam de uma porta de entrada. Para pegar uma infecção, a pessoa precisa ter um machucado, ou levar a mão com a bactéria à boca ou por meio de soluções não estéreis injetadas no sangue", explica.
Para prevenir o contágio por bactérias é importante lavar as mãos com frequência, evitar colocá-las em contato com boca, nariz, olhos e ouvidos quando estão sujas e manter o corpo descansado e bem alimentado – isso ajuda o sistema imunológico a se manter forte para lutar contra qualquer visitante indesejado.
“É um mito a história de que pessoas saudáveis que visitam doentes em hospitais contraem superbactérias”, esclarece o médico.
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Cientistas: superbactéria pede resposta global

Reunidos em congresso sobre o tema, especialistas em doenças infecciosas classificaram problema como "bomba-relógio"

AFP | 13/09/2010 18:39

A nova superbactéria, originária da Índia e que demonstra ser resistente a quase todos os antibióticos conhecidos, representa uma ameaça mundial, advertiram cientistas esta segunda-feira.
"Temos a necessidade urgente de, em primeiro lugar, estabelecer um sistema de vigilância internacional nos próximos meses e, em segundo lugar, examinar todos os pacientes que derem entrada a qualquer sistema de saúde" em tantos países quanto for possível, disse Patrice Nordmann, do Hospital Bicetre, da França.
"Por enquanto não sabemos quão rapidamente o fenômeno está se espalhando (...). Pode levar meses ou anos, mas o certo é que se espalhará", disse à AFP, destacando que já foram tomadas medidas na França e que outras estão em discussão no Japão, em Cingapura e na China.
"É um pouco como uma bomba relógio", explicou.
O cientista, que é chefe do departamento de bacteriologia e virologia do hospital francês, disse que a bactéria encontrará terreno fértil na população de 1,3 bilhão de pessoas da Índia.Nordmann participa da 50ª Conferência Intercientífica sobre Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia (Interscience conference on Antimicrobial Agents and Chemotherapy), que reúne 12.000 especialistas em doenças infecciosas em Boston (Massachusetts, nordeste dos Estados Unidos).
A "superbactéria", chamada NDM-1 (metalo-beta-lactamase 1 de Nova Délhi) e suas variações parecem ter se originado na Índia. Ela foi detectada pela primeira vez em 2007, na Grã-Bretanha.
A NDM-1 resiste a quase todos os tipos de antibióticos, inclusive os carbapenemas, geralmente reservados às emergências e ao tratamento de infecções multirresistentes.
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Fontes:

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